sábado, 20 de fevereiro de 2010

Principe do Vouga (Actualizado)

De volta aos nossos bacalhoeiros, hoje trago-vos um grande navio, feito cá e que já não se encontra entre nós.

Falo-vos do "Principe do Vouga", que começou como "Vimieiro" um navio de pesca à linha e acabou como um arrastão de arrasto pela popa.

Construído nos Estaleiros de S Jacinto (Construção n.º 43) em 1948, para "Armazéns José Luís da Costa". Encomendado a 22 de Fevereiro de 1958, assentou a quilha a 25 de Agosto de 1958 e foi lançado ao mar no dia 26 Março 1959, tendo sido entregue ao Armador nesse mesmo ano.

Registado em Lisboa em 1959, com o número LX-52-N e com o indicativo CUED. A criação deste navio e de outros da época, resultou da necessidade de repensar tudo de novo e pegar no que já se sabia para criar uma frota mais moderna, isto porque os anteriores navios derivavam quase directamente dos lugres, com apenas algumas alterações para poder acomodar o motor diesel, os porões de congelamento, o isco, entre outras coisas.

A ideia era criar algo de raiz, preparado para uma nova realidade. Assim foram criados quatro grandes navios de pesca à linha o "João Ferreira", o "Rio Alfusqueiro", o "Vimieiro" e o "Neptuno", muito semelhante ao "Vimieiro". Graças a estas melhorias estes navios poderiam ser facilmente transformados em navios de arrasto pela popa.

Deixo aqui uma fotografia* do "Vimieiro" que consegui arranjar através de um amigo. Pelo que pude apurar, pertence a um CD que terá sido feito pelo Museu Marítimo de Ílhavo:


Fez a sua primeira campanha em 1959. Após a campanha de 1971 foi transformado num navio de pesca com redes de emalhar com lanchas aos comandos do Capitão Francisco Teles Paião.Em 1987 foi transformado num navio polivalente, de arrasto pela popa, para pesca com redes de emalhar com lanchas e totalmente congelador, tendo sido também rebaptizado para "Nascimar" (falta confirmar este facto). Em 1990 foi rebaptizado para "FRAPESCA" da Frapeque- Farinhas e Óleos de Peixe, Lda . E em 1998 voltou a ser rebaptizado para "PRÍNCIPE DO VOUGA" pertencendo à empresa João Maria Vilarinho.

Estando este já na posse do Armador Silva Vieira para o qual fez algumas viagens, acabou por ser desmantelado em 2005.

Resta dizer que foi dos últimos navios de pesca à linha com dóris, e o primeiro a ter comunicações por satélite em Portugal.

Por ter sido um dos navios que fizeram a "passagem" dos dóris para o arrasto passando pelas redes de emalhar, terá sempre um lugar especial aqui no Roda do Leme, que fará os possíveis para não o deixar cair no esquecimento.

Características técnicas:

Comprimento total:
67.4m
Boca: 11.1m
Potência da máquina principal: 1986cv

Deixo aqui algumas fotografias do mesmo tiradas por mim, ainda em filme:







Algo de curioso e bonito de se ver, são as linhas no casco do navio, típicas das construções daquela época e que ainda nos fazem lembrar cascos dos lugres como o Santa Maria Manuela o Argus, ou até mesmo o navio Santo André.

Conto com a vossa ajuda para melhorar a informação sobre este navio, ou mesmo corrigir algo que tenha de errado.

Página do navio no site shipspotting:
Fonte de informação:
Espero que tenham gostado e até à próxima!

NOTA': Tentei melhorar um pouco a imagem, dando-lhe um pouco mais de contraste e nitidez, e remover alguns dos defeitos que possuía naturais da idade e da digitalização. Espero que não haja problemas com direitos de autor.

NOTA'': Graças aos nossos assíduos leitores, a quem eu agradeço muito, consegui obter mais informação sobre este navio.

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Imagens e textos protegidos pelos direitos do autor. Em caso de dúvida contacte-me.
© 2010 por Tiago Neves. Todos os direitos reservados.

12 comentários:

  1. ola amigo tiago parabens pelo excelente trabalho conheci este navio de cor azul e branca com o nome de nascimar e frapescas sei tambem que foi o primeiro navio bacalhoeiro portugues com sistema de comonicaçao por satelite como se pode ver pelas imagens obrigado pelo seu trabalho que nos tem prestado e um grande abraço laranjeiro pescador de bacalhau 1986 a 1993

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  2. O que eu sei sobre este navio:

    Navio-motor de aço. Construído nos Estaleiros Navais de S Jacinto (C 43), em 1948, para Armazens José Luis da Costa. Encomendado a 22 Fev 1958, assentou a quilha em 25 Ago 1958, flutuou em 26 Mar 1959 e foi entregue em 1959. Registado em Lisboa em 1959, com o número LX-52-N e com o indicativo CUED. Primeira campanha 1959. Após a campanha de 1971, transforma em navio para a pesca com redes de emalhar, com lanchas. Em 1980?, foi transformado em navio polivalente, de arrasto pela popa, para pesca com redes de emalhar com lanchas e totalmente congelador. Rebatizado FRAPESCA da Frapeque- Farinhas e Oleos de Peixe, Lda ( entre 1987 e 1991?). Rebatizado PRINCÍPE DO VOUGA da João Maria Vilarinho em 2001?. Foi abatido em 2004?. Desmantelado na Gafanha da Nazaré em 2005.
    Tinha inicialmente 1160,88 toneladas de arqueação bruta (TAB), 581.65 TAL e com 61.59 metros de comprimento de sinal.
    Os pontos de interrogação são dados que precisam de verificação.
    Este navio faz parte do último lote dos navios da pesca à linha com dóris e é por isso, que é escolhido para ser transformado em 1980 em navio polivalente. Existe um outro, o SÃO RAFAEL que teve um precurso igual. Receio que estas transformações não justificaram os subsídios que receberam.

    Ricardo Matias

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  3. Quero desde já agradecer pelos vossos comentários! Fico muito contente por gostarem do trabalho que aqui vou colocando e por quererem ajudar também.

    Vou acrescentar a informação que me deram, para que o post fique mais completo.

    Mais uma vez, muito obrigado aos dois.

    Os melhores cumprimentos,
    Tiago Neves
    http://www.roda-do-leme.com

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  4. Este navio fez a última campanha como navio de pesca à linha em 1970. Para a campanha de 1971 já foi como navio de redes de emalhar com lanchas sob o comando do Capitão Francisco Teles Paião. A construção destes 4 navios foi pensada em transformá-los para arrastões clássicos (laterais). Foi o que sucedeu ao "João Ferreira" e "Rio Alfusqueiro".
    Quanto ao "Neptuno" nunca foi transformado para redes de emalhar e nunca para "clássico" por a sua máquina ser a dois tempos e a pequenas rotações atingir elevado aquecimento, provocando incêndios no colector de escape Devido a este facto este navio muito dificilmente fazia "capa". O "Vimieiro" "aguentou-se" como navio de redes de emalhar e só foi transformado para arrastão popa e polivalente, sofrendo um acrescento no comprimemto, como última alternativa. Depois da transformação nunca deu nada com redes de emalhar e como arrastão era um desastre, andava mais à deriva do que a arrastar ao rumo pretendido. O mesmo sucedeu com o "São Rafael" que está amarrado e abanbopnado no cais da EPA na Gafanha da Nazaré, como bem sabe.
    Bom sucesso para o seu blog, e
    Cumprimentos bacalhoeiros

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  5. Caro Tiago Naves:
    Peço desculpa porque cometi um erro no comentário anterior.
    O "Neptuno" foi transformado para navio da redes de emalhar e assim abatido.
    Nunca para arrastão. Há lá um "nunca" a mais que pode induzir a erro.
    Obrigado,
    Cumptrimentos bacalhoeiros.

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  6. Se precisares de fotografias de barcos estaleiros navais de peniche e so dixer ou de barcos

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  7. REBOPORT:Se precisares de fotografias de barcos estaleiros navais de peniche e so dixer ou de barcos

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  8. Olá Boa tarde

    Por acaso tenho várias fotos desse navio, pois o meu pai foi piloto do mesmo na viagem ao Canada entre 31-3-1960 e 19-10-1960, tenho fotos do interior dos dóris, dos cães que iam a bordo do bacalhau e do navio ancorado ao lado do Lousado e do Capitão João, todos eles navios bacalhoeiros à linha em st. John´s!
    Tenho tb duas fotos do Navio Fogo (neste o meu pai foi 3º piloto) mas não sei o local pois neste caso o meu pai n escreveu nas fotos:( mas está ancorado em doca seca e pelas janelas na doca pode ser que alguém reconheça:)
    Se estiver interessado em colocar as fotos no blog terei todo o gosto em partilhar.
    E já agora gostava de saber se tem fotos do Polo Norte ou do Aljezur (penso que é aljezur, lê-se mal na cédula) nestes o meu pai foi comandante.
    Tenho tab algumas fotos do Gil Eanes junto aos bancos da Groenlandia:)
    cumprimentos

    Ana Cruz

    cakaubijus@gmail.com

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  9. Fui Imediato e Comandante do mui saudoso (para mim!) Frapesca.
    De todos os navios que conheci na minha carreira, este foi sem qualquer dúvida o que melhor comportamento tinha no mar. A arrastar ou de capa, era uma maravilha. Bons amigos, mas também grandes desilusões, contudo, me deixou o FRAPESCA.

    JTeles

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    1. É um Prazer ouvir o comandante Teles dizer isto, pois tambêm eu partilho dessa saudade;
      Chamo-me Camarinha sou do Seixo de Mira, o Comandante Teles foi meu comandante no Frapesca.
      O meu contacto e bicamarinha@sapo.pt,queria daqui mandar cumprimentos ao Comandante Teles, e se possivel pedir o seu contacto.
      Um abraço Camrinha.

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  10. Muito obrigado pelo seu cometário! É um orgulho muito grande poder ter aqui a sua visita, ainda para mais tendo navegado e comandado este navio!

    Forte abraço.

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