"Um empresário empreendedor deve negociar com empresas onde se conheça a cara do dono, ou então que saiba quem é o líder. Eu não sei quem manda nos estaleiros", afirmou Mário Ferreira ao
Negócios, referindo-se ao insucesso das negociações da Douro Azul com a Empordef, "holding" estatal que detém os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).
Com os ENVC de fora da corrida a um negócio de 50 milhões para a construção de quatro navios, a Douro Azul teve cinco dias para fechar o negócio com outro concorrente, tendo esta tarde assinado a adjudicação de dois navios, por cerca de 22 milhões de euros, a um consórcio liderado pela Navalria, estaleiros de Aveiro detidos pelo grupo Martifer.
"Estou muito feliz que estes navios sejam construídos em Portugal e possam contribuir para a criação de novos postos de trabalho na zona de Aveiro, mas, acima de tudo, contribuam para a riqueza de Portugal", regozijou-se Mário Ferreira.
Quanto à possibilidade de os outros dois navios virem a ser construídos nos estaleiros de Viana, o empresário deixou o aviso: "Com esta administração, de certeza que não."
Carlos Martins, presidente do grupo Martifer, aproveitou também a ocasião para defender a saída do Estado deste negócio: "Não faz sentido, no século XXI, o Estado português ser dono de um estaleiro", afirmou.
Em contra-relógio, a Navalria acabou por ganhar a construção dois novos navios-hotel da Douro Azul em consórcio com a VianaDecon e a PPS (Pilar Paiva de Sousa).
A PPS ficará responsável pela decoração do interior dos barcos, enquanto a VianaDecon terá a seu cargo áreas como a de
electricidade, isolamento térmico, camarotes e ar condicionado. Carlos Martins garantiu ao
Negócios que os trabalhos a executar por estas duas empresas representam cerca de 40% do valor do negócio celebrado com o dono da obra.
Já o presidente da Douro Azul afiançou que acabou por fechar o negócio com o concorrente que tinha a proposta mais cara: 11,03 milhões de euros por navio, contra os 10,85 milhões de euros avançados pelos estaleiros holandeses De Hoop.
Ambos os navios, que já estão pré-vendidos pela Douro Azul, deverão entrar em operação dentro de um ano: o primeiro a 25 de Fevereiro e o outro a 20 de Março de 2013.
Além dos 22 milhões de euros agora adjudicados, a Douro Azul deverá investir outro tanto em mais dois navios, a adjudicar provavelmente no próximo ano, a que acresce mais meia dúzia de milhões de euros na compra de dois barcos rabelos, autocarros, um helicóptero e na requalificação de um quarteirão na Baixa do Porto que irá corporizar a nova sede da empresa. Investimento total: cerca de 50 milhões de euros nos próximos três anos.
Fonte: Jornal de NegóciosFotografias dos dois navios:
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